Muito interessante de como foi criado o Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia e o Pelotão de Sepultamento, retirado do relatório e fotos do Boletim do Exercito nº 17 de 28 de abril de 1945.
CEMITÉRIO MILITAR BRASILEIRO NA ITÁLIA
Relatório Sobre o Cemitério Militar Brasileiro - Pistóia (Itália)
I. CRIAÇÃO DO PELOTÃO DE SEPULTAMENTO
De acordo com a organização americana, que nos serve de modelo, foi criado por Aviso Reservado nº 333.299, de 4 de julho de 1944, um Pelotão de Sepultamento, destinado a coletar os mortos, nos campos da luta, identificá-los e dar-lhes sepultura condigna.
Mas com a entrada em ação, a 15 de setembro de 1944, do Combat Team Brasileiro (1º Escalão da DIE), determinei a organização neste Teatro de Operações, de um Pelotão, de efetivo reduzido, com a mesma finalidade, já que o Pelotão criado pelo Aviso acima citado o fora após o embarque do 1º escalão.
De 15 de setembro até 9 de outubro, quando aqui chegou o 2º escalão e com ele o Pelotão de Sepultamento criado no Brasil, a atividade do pelotão organizado na Itália resumiu-se quase que na assimilação da técnica a ser empregada, não somente porque o número de mortos foi felizmente muito reduzido, como também por que não dispúnhamos de cemitério próprio. Assim, o pessoal desse Pelotão foi destacado para fazer estágio nos Cemitérios e Postos de Coleta americanos, e isto nos foi bastante útil, porque serviu de núcleo e de enquadramento para a organização definitiva do atual Pelotão de Sepultamento.
II. POSTOS DE COLETA
Na primeira quinzena de novembro do ano de 1944, findo, já no Vale do Rio Reno, foram organizados três postos de coleta, um na estrada Porreta Terme-Sila, outro em Valdibura e o terceiro, finalmente, em reserva e repouso.
III. CEMITÉRIOS MILITARES AMERICANOS
Nossos primeiros soldados mortos na Itália foram sepultados no Cemitério Municipal de Tarquinia e nos Cemitérios Militares Americanos de Folonica e Vada. Até 2 de dezembro de 1944, os sepultamentos eram feitos nesse último cemitério, com sacrifícios inauditos, pois a distância que os separava do Posto de Coleta era de 200 Km, inicialmente, quando a nossa tropa estava no Vale do Sercchio e de 360 Km, quando a DIE passou a operar no Vale do Reno.A grande distância a percorrer que dificultava a missão do pelotão e as exigências da administração do cemitério a cumprir, que impunha um enorme retardo à remessa da documentação relativa ao sepultamento dos nossos soldados, levou este Comando a cogitar da instalação de um Cemitério Militar Brasileiro, mais próximo à nossa zona de ação.
IV. CEMITÉRIO MILITAR BRASILEIRO
1) CRIAÇÃO E INSTALAÇÃO
Mediante entendimentos com o Grave Registration (Serviço de Sepultamento Americano), que se prontificou imediatamente a facilitar a execução dessa iniciativa, conseguimos encontrar, com certa dificuldade, na região de PISTÓIA, um terreno apropriado àquele fim
E no dia 2 de dezembro de 1944 o Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia foi oficialmente instalado, num terreno requisitado pelo Engineer Headquarters – Fifth Army – Real Estate Section, por tempo indeterminado e para posterior indenização pelo Governo Italiano. O documento de requisição, nº 001, de 2 de dezembro de 1944, firmado pelo proprietário, Pietro Ladini e pelos representantes da DIE, Coronel Osvaldo de Araújo Mota e da Real Estate Section do 5º Exército, Tenente R.F. Fitzgerald, está arquivado na Ajudância Geral desta Divisão.
2) CONSTRUÇÃO E MELHORAMENTOS
O terreno está completamente fechado com uma cerca de arame farpado em moirões de castanheiro, tudo pintado de branco.
Internamente, dividiu-se o terreno em seis quadras, sendo quatro para soldados brasileiros e duas para soldados inimigos. Essas quadras estão separadas, uma das outras, por estreitas ruas, que vão pouco a pouco, sendo pavimentadas.
As sepulturas estão recebendo cruzes também. Cerca de sessenta já se acham colocadas.
Internamente, dividiu-se o terreno em seis quadras, sendo quatro para soldados brasileiros e duas para soldados inimigos. Essas quadras estão separadas, uma das outras, por estreitas ruas, que vão pouco a pouco, sendo pavimentadas.
As sepulturas estão recebendo cruzes também. Cerca de sessenta já se acham colocadas.
Além disto, é intenção dobrar a cerca de arame com uma sebe viva, construir canteiros gramados e ajardinar os espaços livres.
Cogita-se, finalmente, de substituir o atual necrotério instalado em barraca, por uma construção de madeira e em breve uma capela simples erguer-se-á à vista das sepulturas dos nossos camaradas, que na Itália tombaram no cumprimento do seu dever militar.
Cogita-se, finalmente, de substituir o atual necrotério instalado em barraca, por uma construção de madeira e em breve uma capela simples erguer-se-á à vista das sepulturas dos nossos camaradas, que na Itália tombaram no cumprimento do seu dever militar.
3) CERIMONIAL
A todos os mortos sepultados é prestado o cerimonial a que tem direito. O Capelão efetua a cerimônia religiosa e os corpos, cobertos com a Bandeira Nacional, são acompanhados pelo pessoal do Pelotão, da barraca-necrotério até a sepultura, onde lhes são prestadas as honras fúnebres
V. MORTOS BRASILEIROS SEPULTADOS NA ITÁLIA.
Os Expedicionários mortos na Itália, até o presente momento, estão sepultados nos seguintes cemitérios:
Cemitério Municipal de Tarquinia - 02
Cemitério Militar Americano de Folonica - 01
Cemitério Militar Americano de Vada - 65
Cemitério Civil de Vada - 02
Cemitério Americano de Nápoles - 02
Cemitério Americano de Roma - 01
Cemitério Militar Brasileiro em Pistóia - 187
Soma - 260
VI CONCLUSÃO
Este Comando não tem poupado nem poupará esforços no sentido de proporcionar uma última morada condigna aos nossos oficiais e praças que derem aqui na Itália, a própria vida, por um Brasil mais forte e por um mundo melhor – General de Divisão J. B. Mascarenhas de Moraes, Comandante do 1º Escalão da FEB e 1ª DIE.