Missão 411, 1º tenente-Aviador Luiz Lopes Dornelles, destruiu uma locomotiva e abatido, chocou sua aeronave contra um armazém. Teve seu corpo arremessado pela distância de dois campos de futebol e caiu na calçada, inteiro, aos pés dos italianos que assistiram a tudo.
Luiz Lopes Dornelles nasceu em 1920. Era um dos seis filhos do General Argemiro Dornelles e de D. Edília Lopes. Aluno destacado na Escola Militar do Realengo, esteve sempre entre os melhores de sua turma. Fisicamente forte, bem apessoado, mas meio mal humorado e de poucas brincadeiras, o baixinho Dornelles era conhecido entre seus pares como o “gaúcho” enfezado, já que, apesar de ter nascido em São Paulo, há muito vivia no Rio Grande do Sul. Gozava da admiração dos colegas pois, participava vigorosamente das fugas para as noitadas em Bangu, que frequentemente acabavam em pancadaria com os rapazes do bairro.
Com a entrada do Brasil na guerra, Dornelles apresentou-se como voluntário no 1ºGrupo de Aviação de Caça, o mítico Senta a Pua!
O 1º Tenente Dornelles, foi um exímio e corajoso aviador. Os vídeos de sua asa, mostravam ataques mortíferos.
Sempre que tinha como alvo um depósito de munições, Dornelles “entrava” na explosão, trazendo as marcas dos estilhaços no seu P-47. Coragem, competência e audácia foram as suas marcas. Realizou 89 missões de combate, bem acima da média brasileira e muito superior à americana, que ficava em torno de 35 missões.
O lendário Brigadeiro Rui Moreira Lima assim se refere ao Tenente Dornelles:
“Outra faceta do Dornelles, desconhecida de nós, era o amor pelas crianças. De 17 em 17 dias comprávamos no PIEX americano, mediante a apresentação de uma ficha, a ração do mês, constante de barras de chocolate, cigarros, cervejas, biscoitos, papel de carta, cuecas, camisetas, camisa, calças, sapatos e algumas outras novidades: isqueiros, tesourinhas, canivetes, relógios, canetas, etc. Como o dinheiro sobrava, adquiríamos o que aparecia. Depois de um certo tempo notamos que o “baixinho” Dornelles começou a interessar-se por adquirir as rações dos colegas que abrissem mão de sua parte. A princípio desconfiamos que se tratasse de algum rabo-de-saia. Logo descobrimos a razão: o homem mau, o “sou boçal mesmo, e daí? ”o guerreiro implacável, tinha sua creche particular. A cada 17 dias reunia as crianças pobres de Pisa, na velha estação da estrada de ferro, distribuindo as rações adquiridas. Fazia tudo isso escondido. Quando foi descoberto, ficou encabuladíssimo. Gostava de ser chamado de "insensível", no entanto, era uma criatura humana das mais notáveis que conheci. Caída a máscara, Dornelles tornou-se mais dócil, mais amável. Chegamos até a gozá-lo, chamando-o de “irmã samaritana”. Daí por diante, lhe dávamos tudo que tínhamos de biscoitos, chocolates, balas e alimentos... Foi um homem intensamente bom.”
O Tenente Dornelles pressentiu a morte. Dizia, frequentemente, que não chegaria às 90 missões, fez 89.
A morte anunciada veio em 26 de abril de 1945, durante a Missão 411, cujo objetivo era um reconhecimento armado entre as regiões de Turim e Milão, onde tropas inimigas fugiam dos aliados. No desenvolvimento da missão, uma esquadrilha do 1º Grupo de Caça, sob o comando do Ten Dornelles, localizou e atacou um comboio militar chegando à estação de Alessandria, cinco dias antes da rendição alemã e a poucas horas da entrada da FEB na cidade. Parece que o destino do Tenente Dornelles estava irremediavelmente traçado.
O relato abaixo é do Tenente Alberto Martins Torres, oficial aviador da reserva convocada, recordista de missões da FAB na Itália,
(100 missões de combate) e único piloto brasileiro que, comprovadamente, afundou um submarino na Segunda Guerra (U-199, em 31/07/1943, na costa de Cabo Frio).
Luiz Lopes Dornelles nasceu em 1920. Era um dos seis filhos do General Argemiro Dornelles e de D. Edília Lopes. Aluno destacado na Escola Militar do Realengo, esteve sempre entre os melhores de sua turma. Fisicamente forte, bem apessoado, mas meio mal humorado e de poucas brincadeiras, o baixinho Dornelles era conhecido entre seus pares como o “gaúcho” enfezado, já que, apesar de ter nascido em São Paulo, há muito vivia no Rio Grande do Sul. Gozava da admiração dos colegas pois, participava vigorosamente das fugas para as noitadas em Bangu, que frequentemente acabavam em pancadaria com os rapazes do bairro.
Com a entrada do Brasil na guerra, Dornelles apresentou-se como voluntário no 1ºGrupo de Aviação de Caça, o mítico Senta a Pua!
O 1º Tenente Dornelles, foi um exímio e corajoso aviador. Os vídeos de sua asa, mostravam ataques mortíferos.
Sempre que tinha como alvo um depósito de munições, Dornelles “entrava” na explosão, trazendo as marcas dos estilhaços no seu P-47. Coragem, competência e audácia foram as suas marcas. Realizou 89 missões de combate, bem acima da média brasileira e muito superior à americana, que ficava em torno de 35 missões.
O lendário Brigadeiro Rui Moreira Lima assim se refere ao Tenente Dornelles:
“Outra faceta do Dornelles, desconhecida de nós, era o amor pelas crianças. De 17 em 17 dias comprávamos no PIEX americano, mediante a apresentação de uma ficha, a ração do mês, constante de barras de chocolate, cigarros, cervejas, biscoitos, papel de carta, cuecas, camisetas, camisa, calças, sapatos e algumas outras novidades: isqueiros, tesourinhas, canivetes, relógios, canetas, etc. Como o dinheiro sobrava, adquiríamos o que aparecia. Depois de um certo tempo notamos que o “baixinho” Dornelles começou a interessar-se por adquirir as rações dos colegas que abrissem mão de sua parte. A princípio desconfiamos que se tratasse de algum rabo-de-saia. Logo descobrimos a razão: o homem mau, o “sou boçal mesmo, e daí? ”o guerreiro implacável, tinha sua creche particular. A cada 17 dias reunia as crianças pobres de Pisa, na velha estação da estrada de ferro, distribuindo as rações adquiridas. Fazia tudo isso escondido. Quando foi descoberto, ficou encabuladíssimo. Gostava de ser chamado de "insensível", no entanto, era uma criatura humana das mais notáveis que conheci. Caída a máscara, Dornelles tornou-se mais dócil, mais amável. Chegamos até a gozá-lo, chamando-o de “irmã samaritana”. Daí por diante, lhe dávamos tudo que tínhamos de biscoitos, chocolates, balas e alimentos... Foi um homem intensamente bom.”
O Tenente Dornelles pressentiu a morte. Dizia, frequentemente, que não chegaria às 90 missões, fez 89.
A morte anunciada veio em 26 de abril de 1945, durante a Missão 411, cujo objetivo era um reconhecimento armado entre as regiões de Turim e Milão, onde tropas inimigas fugiam dos aliados. No desenvolvimento da missão, uma esquadrilha do 1º Grupo de Caça, sob o comando do Ten Dornelles, localizou e atacou um comboio militar chegando à estação de Alessandria, cinco dias antes da rendição alemã e a poucas horas da entrada da FEB na cidade. Parece que o destino do Tenente Dornelles estava irremediavelmente traçado.
O relato abaixo é do Tenente Alberto Martins Torres, oficial aviador da reserva convocada, recordista de missões da FAB na Itália,
(100 missões de combate) e único piloto brasileiro que, comprovadamente, afundou um submarino na Segunda Guerra (U-199, em 31/07/1943, na costa de Cabo Frio).
“...Era uma longa composição, típica da época: locomotiva, tênder de carvão, vagão de artilharia anti-aérea blindada (flack) e depois o resto. Nesses ataques só interessa a locomotiva, a não ser que se tratasse de uma composição de carga. Neste caso era uma composição de vagões de passageiros. Chegamos juntos, mesmo. No que o trem parava na estação de Alessandria, o Dornelles transmitindo a indicação do objetivo – locomotiva – abrira um pouco para a esquerda, formando cobrinha para o ataque para a direita, perpendicularmente à linha férrea. Quando o Dornelles iniciou a picada para o ataque, já os 20mm do vagão Flack jorravam sobre ele, desenhando as traçantes na manhã escura. Somente a pequena distância da locomotiva apareceram as traçantes das metralhadoras do Dornelles que, bem a seu estilo, liquidou a locomotiva, curto e certeiro. Passou pela nuvem de vapor da caldeira estraçalhada, a cerca de três metros de altura, e varou, cidade adentro, no eixo de uma rua que terminava na estação. Não foi possível ver mais nada. A agressividade e a ousadia de seu ataque poupou os demais companheiros da esquadrilha..."
"Não tenho a menor dúvida de que, quando o Dornelles começou a atirar, já devia estar severamente atingido...Trago ainda registrada a última visão do local, ao nos afastarmos, com duas colunas se erguendo de Alessandria, uma do vapor branco do alvo atingido, outra de fumaça negra de um P-47 abatido.”
O trágico destino do nosso piloto foi também registrado por testemunhas locais que descreveram o triste episódio. Ângelo Orsetti (31 anos), técnico do Telégrafo do Estado, que se refugiou no interior da estação no momento do ataque brasileiro e Giuseppina Carrer (20 anos), que viu de perto o corpo do aviador abatido, assim relataram a ação:
“Entre 8h15 e 8h30 dois P-47 Thunderbolt da Força Aérea Brasileira surgiram repentinamente sobre a estação ferroviária de Alessandria, abafando com o ruído dos seus motores a sirene de alarme e atacaram separadamente um trem que manobrava”.
“... o segundo avião, pilotado pelo Tenente Dornelles, mergulhou destruindo a locomotiva, mas foi atingido pela Flack. A aeronave não conseguiu recuperar e continuou no mergulho a mais de quinhentos quilômetros por hora, bateu na parede do Armazém do Telégrafo do Estado, arrancou algumas árvores e se espatifou onde hoje estão os prédios nº 39 e 41 do Spalto Borgoglio, esquina da via Cardinale Caselli (na época não havia nenhum edifício no local, apenas um galpão usado como armazém)."
"O choque violento quebrou a primeira e a segunda paredes e o impacto final foi contra a terceira, causando um incêndio combatido, em seguida, por populares que presenciaram a queda. Devido ao choque, o corpo do piloto foi lançado para fora da aeronave, colidindo com a fachada do prédio de nº 54 do Spalto Borgoglio, junto à janela do segundo andar, a cerca de 180 metros do ponto de impacto da aeronave, caindo na calçada”.
“.... o piloto, um jovem de compleição robusta, tinha o rosto enegrecido, mas estava perfeito, sem sangue e sem fraturas aparentes. Logo acima, na parede do edifício, era visível o local do impacto do corpo que estava sem os coturnos”.
As testemunhas Angelo Orsetti e Giuseppina Carrer casaram-se em setembro de 1945, logo após o final do conflito. A região, destruída pela guerra, convivia então com uma situação de extrema penúria. Angelo e Giuseppina que nunca esqueceram aquele brasileiro, mandaram fazer as alianças de casamento a partir de um pedaço de metal recuperado dos restos do P-47 do piloto Dornelles, provavelmente do escapamento da aeronave.
O fragmento, recolhido pelo casal, era de um aço muito brilhante e uniu, em matrimônio, dois jovens que jamais iriam esquecer aquele guerreiro corajoso, jovem como eles – Dornelles morreu aos 25 anos – e que escreveu o nome do aviador brasileiro na história do Brasil e da Itália.
Graças à sensibilidade do casal, um minúsculo pedaço da poderosa máquina de guerra do herói tombado bravamente no cumprimento do dever, transformou-se num expressivo marco de amor, paz e união, símbolo da gratidão daquele casal ao brasileiro que deu a vida pela liberdade de sua pátria.ào
O reconhecimento e a gratidão de todos os brasileiros àquela belíssima – e hoje quase esquecida – homenagem.
"Não tenho a menor dúvida de que, quando o Dornelles começou a atirar, já devia estar severamente atingido...Trago ainda registrada a última visão do local, ao nos afastarmos, com duas colunas se erguendo de Alessandria, uma do vapor branco do alvo atingido, outra de fumaça negra de um P-47 abatido.”
Trajetória desde o impacto ao local do corpo do piloto. |
“Entre 8h15 e 8h30 dois P-47 Thunderbolt da Força Aérea Brasileira surgiram repentinamente sobre a estação ferroviária de Alessandria, abafando com o ruído dos seus motores a sirene de alarme e atacaram separadamente um trem que manobrava”.
O edifício do impacto do corpo na época. |
O edifício hoje. |
“.... o piloto, um jovem de compleição robusta, tinha o rosto enegrecido, mas estava perfeito, sem sangue e sem fraturas aparentes. Logo acima, na parede do edifício, era visível o local do impacto do corpo que estava sem os coturnos”.
As testemunhas Angelo Orsetti e Giuseppina Carrer casaram-se em setembro de 1945, logo após o final do conflito. A região, destruída pela guerra, convivia então com uma situação de extrema penúria. Angelo e Giuseppina que nunca esqueceram aquele brasileiro, mandaram fazer as alianças de casamento a partir de um pedaço de metal recuperado dos restos do P-47 do piloto Dornelles, provavelmente do escapamento da aeronave.
O fragmento, recolhido pelo casal, era de um aço muito brilhante e uniu, em matrimônio, dois jovens que jamais iriam esquecer aquele guerreiro corajoso, jovem como eles – Dornelles morreu aos 25 anos – e que escreveu o nome do aviador brasileiro na história do Brasil e da Itália.
Graças à sensibilidade do casal, um minúsculo pedaço da poderosa máquina de guerra do herói tombado bravamente no cumprimento do dever, transformou-se num expressivo marco de amor, paz e união, símbolo da gratidão daquele casal ao brasileiro que deu a vida pela liberdade de sua pátria.ào
O reconhecimento e a gratidão de todos os brasileiros àquela belíssima – e hoje quase esquecida – homenagem.
Matéria:
Link do livro italiano que conta a história: https://goo.gl/S4298 8
História completa Sergio Monteiro - Página 86: https://goo.gl/J8Jspm
Link do livro italiano que conta a história: https://goo.gl/S4298
História completa Sergio Monteiro - Página 86: https://goo.gl/J8Jspm
O Resgate FEB