Nasci em Caçapava, em São Paulo. Meu nome é Enéas Sá de Araújo. Eu servi no 6º Regimento de Infantaria, onde comandei um grupo de combate. Ah... vocês não sabem o que era a patrulha... A patrulha era... era jogar com a vida. Eu fiz duas patrulhas perigosíssimas e não dei nenhum tiro.Então é sorte, é sorte... é sorte, né? Não houve encontro, não houve nada. Em nosso primeiro combate chegou era um sargento muito meu amigo. Ele estava com o rosto tudo cheio de sangue e chorava dizendo que estava cego. Limpei bem os olhos dele e disse: "Você não está cego, não". Ele pegou a bala - a bala ricocheteou e pegou bem aqui de lado no rosto. Saiu muito sangue e escorreu por cima dos olhos dele.
Passei dois meses e meio na frente de combate até ser ferido em um lugar chamado Torre di Nerone (Montes Apeninos).
Entramos em combate no dia 15 de setembro de 44. Foi quando o comandante da 5ª Companhia de Fuzileiros, o capitão Manoel Inácio de Souza Junior, reuniu todos os sargentos e oficiais num lugar e mostrou a vista. "Nesta noite, nós vamos já atacar os alemães. Eles devem estar naquela altura", ele disse.
Mas quando começamos a nos deslocar, quase tudo acontecia com o primeiro pelotão, que ia na frente. Chegou um lugar lá que só passava um homem. Ficamos um atrás do outro. De repente, saímos numa estrada. Não tinha um tiro, não tinha nada, nem parecia que estava na guerra.
Ouvimos uns tiros no lado da quarta companhia. Alguma coisa devia estar acontecendo nos lados da quarta companhia. E lá fomos nós. Passamos mais de semana se deslocando. Chegávamos, abríamos o buraco e ficávamos ali, mas não havia um tiro. Não tinha nada. Assim foi até chegarmos a Fiano, quando aconteceu o primeiro combate.
Fonte O Estadão
Quem fazia a patrulha era o grupo de combate. Um pelotão, por exemplo, são trinta e tantos homens quase quarenta. Ele servia para um ataque, mas não para fazer patrulha. Patrulha eram dez homens, a facilidade de locomover e de se esconder, é muito mais fácil em uma patrulha de grupo de combate do que em um pelotão
Depoimento: Enéas Sá de Araújo, capitão |
Entramos em combate no dia 15 de setembro de 44. Foi quando o comandante da 5ª Companhia de Fuzileiros, o capitão Manoel Inácio de Souza Junior, reuniu todos os sargentos e oficiais num lugar e mostrou a vista. "Nesta noite, nós vamos já atacar os alemães. Eles devem estar naquela altura", ele disse.
Mas quando começamos a nos deslocar, quase tudo acontecia com o primeiro pelotão, que ia na frente. Chegou um lugar lá que só passava um homem. Ficamos um atrás do outro. De repente, saímos numa estrada. Não tinha um tiro, não tinha nada, nem parecia que estava na guerra.
Ouvimos uns tiros no lado da quarta companhia. Alguma coisa devia estar acontecendo nos lados da quarta companhia. E lá fomos nós. Passamos mais de semana se deslocando. Chegávamos, abríamos o buraco e ficávamos ali, mas não havia um tiro. Não tinha nada. Assim foi até chegarmos a Fiano, quando aconteceu o primeiro combate.
Fonte O Estadão