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Channel: O RESGATE FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
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Herói esquecido da FEB.

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Apesar do apelo de familiares, Itamaraty não planeja identificar o corpo do único soldado brasileiro enterrado em monumento na Itália


Sob uma placa de bronze em Pistoia, na Itália, o único combatente do Brasil na Segunda Guerra Mundial ainda enterrado no Memorial do Soldado Brasileiro está à espera de identificação até hoje.
Os corpos reconhecidos de 449 pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira), mortos na guerra, foram transferidos para o Rio de Janeiro há 50 anos, onde as famílias puderam homenageá-los e deles se despedir.
Desde que foi encontrado, em 1967, 23 anos após o término da guerra, pouco foi feito pelo governo do Brasil para identificar o combatente esquecido.
Hoje, uma amostra de seus restos mortais preservados poderia ter o DNA comparado ao dos parentes vivos dos 16 brasileiros desaparecidos no conflito, mas o Itamaraty informa ainda não ter planos para isso.
“O governo nunca fez esforços maiores para com a memória desses guerreiros”, diz a telefonista gaúcha Luciana Chimango, sobrinha-neta do desaparecido cabo Fredolino Chimango.
Em 1967, no lugar do cemitério, foi erguido um monumento votivo projetado para Olavo Redig de Campos, discípulo de Oscar Niemeyer
Até 20 de junho 1962 repousavam os restos de 462 soldados, transferidos depois no Brasil. Hoje só fica o Túmulo  do soldado desconhecido.
“Seria muito importante para nossa família se o DNA fosse feito. Ainda temos parentes muito próximos e vivos que ficariam felizes.”
O último representante da FEB ainda enterrado num cemitério italiano se tornou o “soldado desconhecido”, um símbolo junto ao memorial erguido na  cidade toscana, em 1959.
“O soldado desconhecido representa todos os brasileiros que vieram aqui lutar pela paz”, afirma o guardião do memorial mantido pelo Itamaraty, Mário Pereira, filho do ex-combatente que recebeu a missão de zelar pelo cemitério, o sargento Miguel Pereira -morto em 2003.
Ele diz conservar o monumento para que os feitos da FEB não sejam esquecidos.

DESCOBERTA

Em 1944, o Brasil enviou 25.334 soldados à Itália para lutar ao lado dos Aliados -americanos, ingleses, franceses e soviéticos- contra o Eixo, formado por alemães, italianos e japoneses.
Ao final da guerra, em 1945, 465 dos combatentes brasileiros tinham morrido e 23 estavam desaparecidos. “Meu pai ajudou a localizar oito desaparecidos, restando apenas 15 e um não identificado”, conta Mário Pereira.
De acordo com ele, o soldado desconhecido só foi encontrado em 10 de maio de 1967, quando um idoso da cidade de Montese compareceu a uma solenidade militar brasileira e disse que sabia onde estava o corpo.
O italiano disse aos militares que, durante uma batalha na cidade de Montese, encontrou um soldado brasileiro morto na mata.
Como passava por dificuldades por causa da guerra, roubou-lhe as botas e o relógio e depois o enterrou com a ajuda do pai, em meio a escombros, naquela cidade.
A ossada encontrada sob um monte de entulho tinha vestígios de fardamento brasileiro, mas não estava com as plaquetas de identificação dos soldados e nem portava documentos.
Uma das teorias na época do descobrimento dos restos mortais era de que se tratava do tio-avô de Luciana Chimango, um dos desaparecidos na área.
O atual guardião do memorial se diz contrário à exumação do corpo.
“Acho que hoje, para a família, a importância de enterrá-lo no Brasil é menor do que a de manter um herói desconhecido representando o país e os colegas na Itália”, diz Mário Pereira.
FONTE: Folha de São Paulo.

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