Quantcast
Channel: O RESGATE FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA
Viewing all articles
Browse latest Browse all 647

Expedicionário Edgard Vasques Rodrigues herói da FEB.

$
0
0
“Aqui estamos de cara com o inimigo que agora quer retomar o que perdeu, vamos sair daqui e procurar outro local mais protegido de onde poderemos observar sem ser alvo deles” e mal saíram dali, o local foi atingido por um morteiro. Esta foi a situação vivida pelo pracinha Edgard Vasques Rodrigues durante a tomada de Monte Castelo em 21 de fevereiro de 1945.
Filho do senhor Camilo Vasques Telles e da senhora Blandina Rodrigues Vasques, nascido no
bairro de Bonsucesso no Rio de Janeiro em 4 de dezembro de 1919, Edgard começou a 
trabalhar aos 16 anos já como funcionário público, exercendo a função de office boy no IAPM (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos), hoje INSS. Estudou no Colégio Luso Carioca em Bonsucesso, (hoje SUAM) onde concluiu o curso de Perito Contador.
Fez o serviço militar na “linha de tiro” no Bonsucesso Futebol Clube e foi convocado após a sua baixa.
Especializou-se em observação, era portanto “soldado especializado” seguia na linha de frente 
para localizar o inimigo e passar a informação do alvo à artilharia.

Diante da sua convocação , ao mesmo tempo que uma tristeza pairava sobre a familia com o
medo natural que ele não voltasse , a sensação de orgulho também fazia parte dos mais próximos dele.
Seu pai, o Sr. Camilo, ainda tentou fazer de tudo para que ele não fosse, mas não conseguiu, então, 
Edgard foi incorporado ao Primeiro Regimento de Infantaria (1° RI) , cumpriu treinamento no maciço de Gericinó e embarcou no segundo escalão.
Foi incorporado ao Regimento Sampaio, 1ºR
Um dos dramas vividos por Edgard durante a campanha foi este: Num determinado dia de inverno quando nevava muito, estavam em uma “casamata” quando determinada hora da noite de acordo com o comando maior, toda a artilharia deveria atirar, parece que se tratava de “guerra psicológica” para não deixar o inimigo descansar, e um dos colegas dele cujo nome Edgard não lembra,  saiu da casamata para atirar com morteiro, esse procedimento normalmente é feito por dois homens, mas não se sabe por qual motivo, apenas o atirador saiu para o serviço.

Passados alguns  minutos ouviram uma explosão muito próximo, em seguida saíram da proteção e foram a procura do colega imaginando que ele teria sido atingido por fogo inimigo, mas não o encontraram; no dia seguinte voltaram a procurá-lo e só encontraram fragmentos de roupa e carne humana, deduziram então que como estava sozinho o soldado colocou um morteiro no armamento e o morteiro não disparou, com o barulho da artilharia ele não percebeu o ocorrido e ao colocar o segundo morteiro explodiram os dois.
Com referência à convivência com o povo italiano, havia uma preocupação , pois não sabiam
quem estava do lado dos aliados ou quem era fascista, então, quando havia necessidade de passar 
uma noite na casa de alguém, alguns soldados ficavam de vigia à noite “de olho” nos italianos e na potra...

Contava também que de forma geral os italianos gostavam muito dos “brasiliani”já que os
soldados tratavam com carinho o povo, dividiam comida, cigarros e tudo mais que podiam. Eram muito bem recebidos quando chegavam nas cidades, como Heróis que eram de fato, por ajudarem na libertação de seu país.
Ainda sobre suas recordações, Edgard contava também que os alemães preferiam se
entregar aos brasileiros do que aos americanos, diziam que os brasileiros eram mais corajosos e os tratavam com dignidade.

Coisas engraçadas também ocorriam como quando os americanos pegavam os jipes dos
brasileiros que os deixavam com as chaves na ignição; os comandantes brasileiros foram se queixar aos comandantes americanos e tiveram como resposta “isso aqui é uma guerra” ou traduzindo para o carioquês “ bobeou dançou”. Os brasileiros então passaram a fazer o mesmo, só que os americanos não precisavam deixar as chaves na ignição nem no carro, eles faziam a tal da “ligação direta” e depois de algum tempo passaram a ter mais jipes que os americanos que foram se queixar e ouviram dos brasileiros “guerra é guerra”...

Em junho de 1945 quando ele chegou, foi festa no bairro, no Colégio Luso Carioca com muito
orgulho do Mestre e posteriormente padrinho de casamento dele, Professor Augusto Mota (que deu nome a Sociedade Universitária Augusto Mota – SUAM) que o recebeu com uma recepção festiva. O pai dele e amigos do bairro resolveram fazer uma homenagem a todos os ex-pracinhas de Bonsucesso e se cotizaram para construir um monumento em bronze que foi instalado na Praça das Nações (principal praça do bairro de Bonsucesso) com o nome de cada um. Acreditamos que esteja lá ainda. Retornando à vida civil, reassumiu seu posto no IAPM e seguiu sua carreira lá até se aposentar.

Em 1946 casou -se com a senhora Anna Sampaio Pinheiro e dessa união, em 1947, nasceu
Paulo Roberto Pinheiro Vasques, filho único do casal que deu a Edgard 4 netos: Anna Paula, Douglas, Edgard e Elisabete e mais 3 bisnetas que infelizmente, ele não chegou a conhecer.
Em 1984 foi justamente elevado a 2o tenente e no mesmo ato (ver portaria em anexo) foi
promovido a 1o Tenente da Reserva não remunerada, contando desde dezembro de 1945, mais uma vez justiça feita. Nos anos 1970, o governo reconheceu seus heróis e passou a remunerar os ex combatentes.

Participou ativamente da ANVFEB na rua das Marrecas no Centro do Rio, foi Diretor Tesoureiro e ajudou a muitos colegas de toda parte do estado e fora dele a se legalizar como ex-combatente e receber a pensão que por direito tinham. Muitos nem sabiam que tinham esse direito, viviam na roça, no interior do estado, outros faziam outros trabalhos como de ascensoristas, faxineiros e outros ainda tinham uma vida miserável, a ANVFEB e seus dirigentes foram suas famílias de fato.
Tinha orgulho, e a família também, de ser quem era e de ter lutado pela liberdade do Brasil e
do mundo, desfilava no 7 de setembro na av. Pres. Vargas com seus colegas todo ano. Vindo morar em Petrópolis em 1975, passou a desfilar aqui na rua do Imperador e quando procurou os colegas da cidade soube que estavam filiados a Associação dos Ex-combatentes que congrega os que foram a guerra e os que ficaram no Brasil, como os da Marinha e muitos do Exército, e ainda tinham que enviar parte da receita dos associados para a sede da associação, ele então mostrou que a ANVFEB era a Associação que congregava apenas os verdadeiros ex-combatentes, os que estiveram em batalha na Itália, do exército e da aeronáutica e que em vez de enviar dinheiro para a associação, a associação colaborava enviando verba para eles, assim eles mudaram de associação e também se legalizaram para receber a pensão militar.

Apesar de ter direito, não recebia a pensão como militar da reserva porque já recebia do
governo como Servidor Público, não acumulava as duas porque não achava correto.
Faleceu em 26 de julho de 1991 (dia do aniversário da sua esposa e um dia após o aniversário
de casamento) em Petrópolis onde foi enterrado no mausoléu da FEB.
Uma das salas da ANVFEB no Rio de Janeiro tem seu nome.

Nossos agradecimentos em especial a Paulo Vasques, filho do nosso herói pela confiança em
nosso blog e por permitir o acesso ao albúm de família!
Uma pequena homenagem ao nosso heroi :
Senhor Edgard, onde quer que o senhor esteja, o senhor sabe que um heroi nunca morre,
portanto, sinta se homenageado, respeitado e imortalizado através desta humilde matéria. Obrigado por essa oportunidade



(clique nas fotos para ampliar)
Matéria enviada pelo colaborador do O Resgate FEB, Helio Guerrero.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 647